A terceirização, ou o chamado outsourcing, é uma prática bastante adotada também no sistema de franchising. Observamos hoje um crescente número de empresários que buscam a terceirização até mesmo em áreas-chave, com o objetivo claro de focar maiores esforços na essência do seu negócio. O outsourcing tornou-se, portanto, uma estratégia de crescimento e de eficiência.
Os movimentos no sentido do outsourcing nos indicam que estamos saindo da terceirização de serviços básicos para a estratégica. Um exemplo são as redes de clínicas odontológicas, que terceirizam as vendas de seus serviços, mantendo toda a energia da equipe técnica diretamente na atividade-fim, a prestação dos serviços odontológicos com a máxima qualidade possível.
Muitos franqueadores hoje já terceirizam uma parte importante de suas atividades para empresas especializadas, por exemplo: telemarketing; seleção de franqueados; marketing da rede; recursos humanos; consultoria de campo; capacitação; logísticas e outras mais, o que faz bastante sentido se levarmos em consideração que a expertise da empresa está em outra atividade onde ele desenvolveu know how e detém o maior conhecimento.
Anos atrás, um franqueado do segmento de alimentação preparava a carne do hambúrguer, por exemplo. Hoje, ele pode terceirizar esta atividade com a compra do produto de outra empresa, já preparado e na porção e peso indicado, pronto para ser preparado, prática que vem sendo adotada por muitas redes de alimentação. O resultado é uma maior agilidade no preparo do produto, ganho de eficiência no atendimento ao cliente e redução do risco de contaminação quando da manipulação do produto pelo funcionário.
Outro exemplo nesse sentido é a área de cosméticos, em que o empresário terceiriza para indústrias e laboratórios especializados a produção de suas fórmulas de produtos como, perfumes, cremes, cosméticos ete., por outro lado a equipe técnica interna se dedica às pesquisas e desenvolvimento de novas produtos, matérias primas e aplicações. Estes empresários/franqueadores podem ainda terceirizar toda a parte de gestão da rede de franquias como melhor opção para alavancar os resultados na rede, concentrando esforços nas atividades que envolve o desenvolvimento do negócio e a manutenção de sua competitividade no mercado.
A gestão de redes de franquias via de regra é algo totalmente novo e diferente das atividades do dia-a-dia da empresa até se tornar franqueadora, tentar realizar estas atividades com a mesma equipe da estrutura atual pode atrasar o processo de expansão uma vez que demanda tempo para o aprendizado e para a assimilação da cultura de redes de negócios pela equipe interna. Neste sentido a industria é a que tem mais dificuldade quando decide entrar no varejo com rede de franquias. A cultura de varejo não está implantada nesta empresa, e nem teria motivo pra isso, e o melhor caminho, pelo menos no primeiro momento é a terceirização, tentar entender e praticar o varejo ao mesmo tempo, no inicio de uma expansão com franquias pode ser o caminho para a geração em pouco tempo de conflito e de baixo resultado na rede. A dinâmica do varejo é totalmente diferente da industria e essa cultura deve ser internalizada logo no inicio do processo, ou traz profissionais do mercado ou terceiriza. Portanto, a indústria é um caso nítido de terceirização em todos os segmentos.
Já no setor de serviços, temos como exemplo os bancos que aplicaram o outsourcing na concessão de empréstimos pessoais, no crédito imobiliário, entre outras atividades.
O que defendemos sempre, no caso de redes de franquia, é, de um lado, capacitar os franqueados, cobrar resultados, avaliar a performance. E de outro, refletir sobre o papel de franqueador, questionando-se sobre o que pode ser feito para melhorar a performance dos franqueados.
No processo de outsourcing é fundamental, no entanto, a escolha dos parceiros. Relações saudáveis na terceirização baseiam-se em confiança, transparência e integridade.
Alguns fatores preponderantes explicam a demanda pelo outsourcing. O crescimento da economia brasileira nos últimos anos mantém o mercado aquecido. Vivemos de fato num país de oportunidades e, atentos, os empreendedores ou investidores sabem que não podem perdê-las e neste mar de oportunidades não há tempo suficiente para selecionar e capacitar executivos para atuar na velocidade que o mercado vem exigindo, buscar parceiros para terceirizar parte dos processos é um caminho saudável mas nem sempre, no primeiro momento, é o mais barato, isso preciso ficar claro. O empresário deve colocar na ponta do lápis não só a realização da atividade em si por uma equipe terceirizada mas levar em consideração os fatores tangíveis e intangíveis que influenciam tal decisão como por exemplo: custo com estrutura física, tempo de supervisão, gasto com de material e com comunicação, entre outros.
O Brasil vive ainda um momento de pleno emprego. Apesar de a taxa de desemprego registrada em junho passado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) ter subido para 11%, a economia brasileira mostra vigor, atrai novos investidores e novos empreendimentos o que reflete diretamente na excasses e na rotatividade de profissionais nas empresas provocando uma demanda maior para agilidade na capacitação de novo profisssionais ou na terceirização.
Uma questão fundamental pode vir à tona quando se trata de terceirização: afinal, quem ganha nesse processo? Tenho plena convicção de que todos ganham. O outsourcing dá ao negócio mais eficiência, as empresas dispõem de mais tempo para potencializar sua inteligência internamente, transferindo para especialistas terceirizados atribuições que não fazem parte da essência da sua atividade. Há, portanto, ganhos nas duas pontas, tanto para quem terceiriza quanto para quem é terceirizado.