Assusta-me dar uma volta pela cidade e ver tantos pontos com faixas “Aluga-se” ou “Queima de estoque para fechar loja”, isso me leva a pensar se o nosso varejo não está sendo muito frágil, uma crise econômica com duração um pouco maior de um ano, já está causando tanto estrago assim no mercado varejista.
Já disse muito sabiamente Warren Buffett: “quando a maré baixa é que vemos quem está nadando nu”. Será que temos tantos players no mercado que já estavam nadando “nus” há algum tempo? Será que a crise é a causa da quebra de muitos, ou será que a crise que nosso amado país atravessa foi somente o empurrãozinho final que temiam.
O mercado está passando por um processo onde somente os mais fortes e mais estruturados irão sobreviver. E para surpresa de muitos, isto não está relacionado ao tamanho de seu negócio, mais sim a maneira como a empresa foi e está sendo gerenciada.
Portanto encontro cinco maneiras para manter seu negócio preparado para enfrentar a crise e mostrar para o mercado que quando a maré baixar, você estará muito bem vestido, obrigado!
- Evite grandes estoques
Estoque é dinheiro parado, e dinheiro parado é dinheiro sendo desvalorizado. Em um país como o nosso, você guardar dinheiro debaixo do colchão não é recomendável. Infelizmente a inflação irá corroer todo o seu poder de compra. Para se ter uma ideia, em 1994 no lançamento do plano real, 100 reais da época hoje valem aproximadamente 18 reais. Ou seja, não faça estoques muito grandes e que irão durar muito tempo. Com estoque alto, quando chegar o período de baixa nas vendas, seu dinheiro investido em mercadorias ficará “preso” nas prateleiras e sendo corroído pela inflação. Portanto trabalhar com giro rápido e estoque mais próximo de zero é o recomendado. Para isto busque fornecedores que olhem para você não apenas como um caixa eletrônico, mas que esteja afim de uma relação longa e duradora. Fornecedores assim irão ajudar você a ter a agilidade que se necessita quando trabalhamos com baixo nível de estoque. O seu estoque também poderá se tornar obsoleto, dificultando as vendas, ou obrigando você a dar descontos acima do desejável.
- Tenha um custo fixo ajustado
Custo de ocupação tem se tornado um dos grandes fatores que estão causando o fechamento de muitas lojas, sejam na rua ou em shoppings. Uma má negociação antes mesmo de você começar a operar, já pode tornar seu negócio inviável antes mesmo da inauguração. Portanto, preste muito atenção nos custos de ocupação propostos para seu ponto comercial. Caso você não tenha feito uma boa negociação de seu ponto comercial, a realidade hoje proporciona uma excelente oportunidade de renegociação para valores bem mais baixos, não se intimide com o proprietário do imóvel, seja ele em shopping ou na rua. Anteriormente, se você fechasse as portas, rapidamente surgiam mais 10 lojistas e varejistas querendo seu ponto, já na realidade de hoje, caso você venha a encerrar suas atividades, a probabilidade deste ponto permanecer vazio é enorme. Estas preocupações estão fazendo os proprietários dos imóveis serem mais flexíveis nas negociações, portanto, vamos tirar proveito desta situação. Foque em manter seu custo de ocupação, que consiste em aluguel, condomínio e outros, em aproximadamente 10% a 15% do seu faturamento. Isto irá impactar diretamente nos seus preços de vendas e nas promoções que você terá que fazer, para combater a concorrência e a crise.
- Seja rápido
Na nossa cultura admiramos os mais rápidos e são estes “mais rápidos” que tendem a sobreviver no mercado. Todos lembram quem foi o ganhador da medalha de ouro nas olimpíadas de Londres na prova dos 100m rasos masculinos, Usain Bolt, o Jamaicano. Agora você lembra do segundo colocado? Claro que não! Agora o porquê disso? Na nossa cultura premiamos e nos lembramos dos mais velozes, ágeis e rápidos. Agora o que isto tem a ver com varejo? Tudo. Precisamos ser rápidos em nossas resoluções, precisamos dar respostas rápidas para nossos clientes e concorrentes. Seja em questões de combater aumento de preços, em um posicionamento de mercado, no caso de uma nova regra do shopping ou uma nova lei que entra em vigor. Os empresários que forem lentos em suas respostas estão fadados ao fracasso. Somente os atentos e velozes empresários é que irão sobreviver. Portanto seja rápido em realizar inovações, em detectar tendências de mercado, em fazer novas parcerias, ou seja, esteja na frente da concorrência e não correndo atrás.
- Saiba qual marketing traz maior resultado para seu negócio
Gosto da frase: “50% do investimento em marketing da minha empresa eu jogo no lixo. O problema é que não sei qual é parte desses 50% que não traz retorno”. Frase esta que retrata a realidade de muitas empresas e negócios. Concordo que é realmente difícil ter as ferramentas e os indicadores corretos para medir os resultados dos investimentos em marketing, também temos que levar em consideração que as ferramentas de marketing que usávamos alguns anos atrás, não proporcionam o mesmo resultado de hoje. O mercado e o consumidor estão passando por uma constante mudança, com o avanço da tecnologia e principalmente dos smartphones, internet e redes sociais. Portanto, realizar um planejamento de marketing estratégico, levando em consideração as redes sociais e o novo perfil do consumidor torna-se fundamental para o empresário varejista nos dias atuais.
- Não acumule dívidas
Pode parecer obvio este último passo, mas às vezes é bom repetir o que já sabemos. “Ministério da Fazenda deveria advertir: Financiamento em excesso é prejudicial à saúde de sua empresa”. Seguindo o exemplo do Ministério da Saúde no combate ao tabaco, seria bom termos mais avisos destes em relação aos financiamentos. Temos que saber a capacidade de endividamento que nossa empresa é capaz de tomar. Se colocarmos muito peso nas costas da empresa, ela irá desmoronar. Ainda mais quando falamos de empresas novas que já abrem as portas totalmente apoiadas em recursos financiados. Utilizar os financiamentos é bom sim! Temos várias linhas com ótimas taxas e prazos de carência que realmente ajudam. Entretanto, é necessário avaliar com bastante frieza, o limite de endividamento da empresa.