Desde a década de 80, há no mundo empresarial um fenômeno de impacto significativo na velocidade com que os empresários estão expandindo seus negócios e suas marcas no mundo – A evolução das redes de Franquias e Negócios.
A era do conhecimento e a evolução das comunicações e do mundo sem fronteiras alterou a dimensão dos fatos, fez com que tudo evoluísse mais rapidamente. A internet hoje é um veiculo para construir imagens, conceitos, marcas, produtos e serviços. Tudo isso vem contribuindo para um movimento de crescimento significativo das redes de franquias e negócios no mundo. E, diante deste cenário, vem a grande indagação: os negócios independentes vão desaparecer?
Quem está acostumado a ir aos shoppings, em qualquer cidade do País, pode constatar que mais de 80% dos negócios instalados fazem parte de uma rede de negócio, seja franquia ou autorizada, licenciada, enfim, há poucos ou quase nenhum negócio independente instalado nestes locais. Como explicar esse movimento?
Desde que o mundo empresarial saiu da era industrial tudo vem evoluindo muito rápido. A tecnologia e a internet eliminaram as barreiras entre os povos, tudo passou a ser percebido, analisado e até experimentado, de qualquer lugar do mundo em qualquer lugar do mundo. Com isso, o McDonald`s deixou de ser só dos americanos e avançou para outros mercados, entrou em outros países pelas mãos de empresários locais, contando com a experiência e o conhecimento que este investidor tem da realidade local sem precisar operar diretamente o negócio, nem fazer grandes investimentos – por meio de um máster franqueado que pelo uso da marca e do know-how remunera a franqueadora com royalties e taxa de franquia. E ainda se responsabiliza em desenvolver o negócio naquele mercado abrindo mais unidades.
Com o advento do McDonald`s, outros negócios seguiram o mesmo caminho gerando um movimento de conceitos e de marcas entre cidades, estados e países por empreendedores que optaram por investir em um negócio formatado, testado e com marca reconhecida nacional e internacionalmente, em muitos casos uma franquia.
Com este movimento, outro fenômeno aconteceu: os ativos intangíveis como marca, know-how, conceito de negócios e fórmulas operacionais de sucesso passaram a ser mais valorizados do que os ativos físicos – tangíveis, como grandes propriedades industriais, escritórios luxuosos, etc. O verdadeiro poder hoje está nas mãos de quem detém esses ativos intangíveis, uma vez que com marca, know-how e fórmula operacional de sucesso o empresário pode replicar o seu modelo de negócio vencedor para outros mercados, utilizando o sistema de franquias onde o franqueado faz o investimento para a instalação do negócio.
Os negócios formatados para expansão com franquias crescem de forma exponencial, existem exemplos no mercado de empresas com menos de vinte anos de atuação no franchising com mais de 1.000 unidades de franqueadas.
Uma análise divulgada por Jeremy Rifkin, professor da Wharton School, uma das mais renomadas escolas de administração dos Estados Unidos, em seu livro a Era do Acesso, vem confirmar a grande tendência de que cada vez mais as redes de negócios ocupam os espaços comerciais em todo o mundo. Rifkin cita que “nos próximos anos os pequenos negócios independentes tendem a desaparecer e serão substituídos por unidade de grandes redes de negócios”. Isto já é uma realidade e as franquias são as que mais ocupam estes espaços.
Mas nem tudo está perdido para os negócios independentes. O que vem acontecendo é que os franqueadores, à medida que os negócios se expandiram, passaram a enxergar os proprietários de negócios independentes – com atuação no mesmo segmento ou em negócios similares ao conceito da franquia – como potenciais franqueados de suas redes. Ou seja, oferecem marca, know-how, sistema, marketing e capacitação para estes empresários em troca da “conversão” do seu negócio em uma franquia de sua marca.
Não precisamos ir muito longe para comprovar como as conversões estão sendo utilizadas como estratégias de expansão mais rápidas por várias redes em segmentos como ótica, materiais de construção, escolas de idiomas, escolas profissionalizantes entre outras.
Na realidade, os proprietários de negócios independentes estão abrindo mão de sua autonomia local em troca de ganho de escala, poder de compra, marca conceituada, sistema de gestão, capacitação e, consequentemente, maior competitividade no mercado e sustentabilidade do negócio.
O mercado torna-se cada vez mais fértil para as redes de franquias e negócios, pois representam uma segurança maior para os consumidores, pela credibilidade da marca e dos produtos, qualidade e atendimento.
Por outro lado, o sistema também representa investimento mais seguro para os iniciantes, que agora migram para o franchising em vez de arriscar seu capital sozinho.
Todo esse movimento trouxe também grandes desafios para os empresários: o fato de se tornarem franqueadores ou gestores de redes de negócios e concederem franquias em diversos mercados e países não basta para a sustentabilidade do negócio. Há que se investir tempo, recursos e internalizar competências para fazer com que a rede também se sustente e seja competitiva e lucrativa ao longo do tempo. Os maiores desafios, segundo pesquisa aplicada pelo Grupo Bittencourt em um grupo de franqueadores do segmento de alimentação, calçados e acessórios e educação, estão em escolher o parceiro com o perfil ideal para operar uma franquia, capacitar e manter um bom relacionamento com ele, além de mantê-lo motivado e acreditando e defendendo sua marca.
Finalizando, o certo é que todos passaram a ganhar com a evolução das redes de negócios: os empresários donos das marcas que passaram a expandir seus negócios com parte do capital do próprio franqueado e a ocupar mercado utilizando a força de trabalho, conhecimento e network local do franqueado; o franqueado e empresários independentes por entrarem em negócios consolidados, com marca conceituada e com maiores chances de sucesso e, por fim, o País, que segue com economia acelerada com a mudança de patamar da classe C e D contribuindo muito com o aumento do consumo, já que a acessibilidade aos produtos de todo o mundo favorece a compra dentro do próprio mercado. E, ainda, arrecada mais impostos ampliando a capacidade para prestar melhores serviços para a comunidade e contribuir com a geração de mais empregos.