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Moda: expressão ou pressão?

A obrigação de acompanhar tendências - e não conseguir - é psicologicamente exaustivo, aponta Aluizio de Freitas

Moda: expressão ou pressão?
Aluízio de Freitas Publicado em 26 de Agosto de 2025 às, 08h00. Atualizado em 26 de Agosto de 2025 às, 08h00.

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A moda sempre foi um dos canais mais poderosos de expressão pessoal. É por meio das roupas que revelamos quem somos, nossos gostos, nossas referências culturais e até nossos estados de espírito. Mas, nos últimos anos, esse universo criativo também se transformou em uma fonte de ansiedade para muitos jovens,  especialmente da Geração Z.

Uma pesquisa da Vogue Business revelou que mais de 50% dos jovens entre 18 e 25 anos sentem pressão emocional e financeira para acompanhar as tendências da fast fashion. Para esse público, vestir-se bem deixou de ser apenas uma questão estética: tornou-se parte da construção da identidade e da busca por pertencimento em um mundo cada vez mais conectado.

O problema está no ritmo frenético imposto pelo ciclo da moda descartável e pelas chamadas “microtendências” que surgem nas redes sociais. Peças que ontem eram desejo, hoje já são vistas como ultrapassadas. Esse fluxo constante cria um senso de urgência sufocante, que leva ao consumo desenfreado, algo financeiramente inviável para a maioria e psicologicamente exaustivo. O resultado é a sensação permanente de não ser “o suficiente”.

Como diretor da Sigbol, escola referência em moda e costura, observo diariamente como essa pressão afeta a autoestima dos jovens. Quando a autoimagem se torna refém de comparações com celebridades, influenciadores e corpos padronizados, o vestir perde sua função criativa e passa a ser um gatilho de frustração. Nas redes sociais, estar “fora de moda” pode significar sentir-se inadequado e muitos acabam transformando o ato de escolher uma roupa em uma tarefa angustiante.

Em contrapartida, cresce a força de movimentos como o slow fashion e a valorização de peças atemporais. Eles propõem um olhar mais consciente, em que se vestir bem não significa acompanhar cada nova tendência, mas investir em looks que transmitam autenticidade, durem mais e tenham menor impacto ambiental. Além disso, permitem resgatar um aspecto essencial: o prazer de se vestir.

Buscar referências além das redes sociais, respeitar o próprio estilo e consumir de forma consciente são passos fundamentais para romper com a lógica da ansiedade da moda. Afinal, moda deve ser, acima de tudo, um reflexo da personalidade, e não uma prisão de tendências.

Aluizio de Freitas é diretor da Sigbol

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