Inspiradas nas tradicionais sandálias japonesas de palha de arroz, as Havaianas surgiram em 1962 com o objetivo de criar um calçado popular, confortável e resistente para o dia a dia do brasileiro. O formato original, com tiras em forma de Y e sola de borracha com textura que lembrava grãos de arroz, logo se transformou em ícone nacional. Fabricadas pela São Paulo Alpargatas, as sandálias foram registradas como produto de design industrial já no primeiro ano de vida e, desde então, nunca deixaram de ser produzidas. Isso significa que a empresa inventou o chinelo e patenteou o novo calçado "com um novo tipo de sola com alça".
Durante décadas, as Havaianas dominaram as prateleiras de mercearias, armazéns e feiras pelo Brasil. Eram vendidas em apenas uma cor e conhecidas como sinônimo de praticidade. Com distribuição massiva e apelo junto às classes populares, a marca chegou a ser citada em campanhas institucionais como um direito básico do cidadão. O famoso slogan “Havaianas. Todo mundo usa.”, criado em 1994, sintetizou esse espírito democrático e virou peça-chave na transição da marca do funcional ao aspiracional.
Do chinelo básico à moda global
Antes de a Havaiana nascer, foi necessário que um escocês, Robert Fraser, desembarcasse no Brasil em 1907. No bairro da Mooca, zona leste da capital paulista, ele construiu a Fábrica Brasileira de Alpargatas e Calçados, que dois anos depois passaria a se chamar São Paulo Alpargatas Company S.A.
Foi na década de 1990 que a Havaianas começou sua grande virada. Apostando em design, novas cores e tiragens limitadas, a marca passou a se comunicar com públicos mais diversos. As tiras ganharam tons vibrantes, estampas começaram a aparecer nas solas e o chinelo foi ressignificado: de item essencial para as classes C e D, tornou-se acessório de moda nas passarelas, editoriais de revista e vitrines das grandes cidades.
A virada de percepção ganhou força quando celebridades, modelos e influenciadores passaram a usar Havaianas fora do ambiente doméstico ou praiano. Nasciam ali as primeiras colaborações com estilistas e edições especiais que elevaram o produto ao patamar de lifestyle e atitude.
Em 2003, os tradicionais chinelos de borracha desfilaram nos pés de todas as modelos na passarela do estilista Jean-Paul Gaultier. No mesmo ano, as sandálias foram distribuídas a todos os indicados ao Oscar. Dois meses antes da cerimônia, a empresa desenvolveu um modelo sofisticado, decorado com cristais austríacos Swarovski e guardado em caixas especiais com o nome dos atores, imitando os símbolos estampados na calçada da fama de Hollywood. Paralelamente, a fábrica entrou em contato com os agentes das 61 celebridades indicadas ao prêmio, entre elas, Jack Nicholson, Nicole Kidman e Renée Zellweger, para saber que número calçavam.
Marca brasileira, alma universal
Hoje, Havaianas é um símbolo global do estilo descomplicado, colorido e democrático. Comercializada em 150 países, é considerada uma das maiores potências exportadoras do varejo brasileiro. Com lojas-conceito em locais como Nova York, Tóquio e Paris, e presença em multimarcas de prestígio, a marca mantém seu DNA original enquanto adapta seus lançamentos às preferências e aos contextos culturais de diferentes mercados.
Ao mesmo tempo em que reforça suas origens, celebrando o Brasil em campanhas, colaborações e produtos, a Havaianas aposta em inovação constante. Linhas voltadas para o público fashion, infantil, gamer, esportivo e colecionador foram incorporadas ao mix, além de produtos como sandálias fechadas, acessórios e roupas casuais. A marca também investe em sustentabilidade, com programas de logística reversa e campanhas de reciclagem.
Design, leveza e propósito
O design da Havaianas é um caso à parte. A sola de borracha com estampa de arroz continua sendo um diferencial funcional e visual, protegido por registro oficial. Mas o que sustenta o sucesso da marca vai além da estética, trata-se da combinação entre identidade, coerência e adaptação.
As campanhas publicitárias, sempre bem-humoradas, com linguagem próxima e elenco carismático, criaram conexão afetiva com o consumidor brasileiro. E, no exterior, a brasilidade virou ativo: cores, calor, espontaneidade e autenticidade tornaram-se atributos globais da marca. Mesmo diante da concorrência crescente, a Havaianas continua se reinventando sem perder a essência.
Estrutura e negócios
A marca pertence à Alpargatas S.A., empresa com ações listadas na B3 e controlada majoritariamente pela gestora Itaúsa. A operação de Havaianas responde por grande parte do faturamento da companhia, que também detém Osklen e Mizuno.
Com uma cadeia produtiva verticalizada, centros de distribuição modernos e presença digital crescente, a Havaianas combina escala industrial com estratégia de marca premium.
Modelos de franquia
A Havaianas opera, hoje, com apenas dois modelos de franquias: compacto e light.
No modelo de Loja Compacta, a taxa de franquia é de R$ 45 mil, enquanto que as instalações da unidade possuem custos a partir de R$ 250 mil. Para o estoque, custos a partir de R$ 80 mil. Neste modelo de negócio, o payback é de 24 a 36 meses.
Para investir no modelo de Loja Light, é preciso que o candidato pague uma taxa de franquia de R$ 25 mil. Os custos com as instalações são a partir de R$ 120 mil, e do estoque, a partir de R$ 60 mil. O payback é de 18 a 24 meses.
A Havaianas não cobra royalties. O franqueado, no entanto, deve pagar 2% do faturamento bruto em marketing local. Para ser um empreendedor da marca, é exigida comprovação da capacidade de investimento com recursos próprios, de experiência mínima de 12 meses de atuação no varejo e experiência e/ou interesse em operar com ferramentas digitais.
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