O Brasil pode ainda não ser referência global na produção de inteligência artificial (IA), mas é um dos países que mais se destacam na aplicação dessa tecnologia para resolver problemas reais. Com criatividade, sensibilidade local e o apoio de iniciativas que fomentam a inovação, startups brasileiras vêm ganhando relevância ao utilizar a IA como aliada para entregar soluções eficientes, escaláveis e alinhadas à realidade do país.
Segundo o infográfico Tecnologia nas Startups, desenvolvido pelo Observatório Sebrae Startups, a IA é hoje a tecnologia mais presente entre as startups do país, utilizada por 29% delas.
Um dos exemplos mais inovadores é a DIO – Inteligência Odontológica, vencedora da primeira edição do Prêmio Sebrae Startups. A dental-tech desenvolveu uma plataforma que transforma radiografias odontológicas em imagens interativas com o apoio de IA, facilitando o diagnóstico clínico e melhorando a comunicação entre dentistas e pacientes. A solução detecta mais de 50 achados radiográficos, aumentando a precisão clínica e fortalecendo a confiança entre pacientes e dentistas.
“A DIO mostra como a IA pode ser uma ferramenta para aumentar a eficiência, a precisão clínica e o engajamento do paciente. É um exemplo de como a tecnologia pode humanizar o atendimento e gerar valor real para profissionais da saúde e seus pacientes”, destaca Israell Paccamicio, CTO da DIO – Inteligência Odontológica.
Mais inteligência dentro e fora das salas de aula
Outro exemplo de aplicação da IA acontece na TrilhaEdu, uma edtech criada no Ceará que utiliza algoritmos de inteligência artificial associado a um modelo próprio de micro-skills para apoiar a aprendizagem de alunos de escolas públicas.
A plataforma fornece tutores virtuais de matemática, física e química, auxiliando o aluno a resolver as tarefas de casa, personalizando os conteúdos de acordo com o ritmo e o nível de conhecimento de cada estudante, promovendo inclusão, equidade e desempenho.
Com mais de 150 mil usuários, a startup tem contribuído para a melhoria dos indicadores educacionais em diversas redes públicas e privadas do país, mostrando como tecnologia e impacto social podem andar lado a lado.
“A área de exatas, especialmente matemática, é muito complexa e cheia de possíveis erros. Ajudar o aluno na hora de resolver uma questão, ressignifica o papel do erro na aprendizagem, torna o exercício de estudar mais leve e ainda gera impacto na aprendizagem. Quantos alunos desistem de cursos mais concorridos devido à inabilidade matemática? Inúmeros. A gente existe pra isso: gerar ascensão social e impactar vidas. Olhar para a construção do raciocínio de cada estudante e auxiliá-lo, não tem preço”, destaca o fundador Victor Levi.
Soluções para realidades locais
Ao invés de competir diretamente com países que desenvolvem as bases da IA, como EUA ou China, o Brasil tem se destacado por usar essas tecnologias para criar soluções alinhadas com a realidade local — seja em consultórios, no campo, nas salas de aula, nas periferias urbanas ou nos pequenos negócios.
"A inteligência artificial está chegando em todos os setores por aqui. E o que vemos nas startups brasileiras é uma capacidade incrível de usar a IA para gerar valor, não só eficiência. É o uso da IA não como algo futurista, mas como solução prática e acessível, moldada à realidade brasileira." Bruno Quick, diretor técnico do Sebrae.
O levantamento do Observatório Sebrae Startups mostra, ainda, que os principais produtos desenvolvidos pelas startups são softwares (37%) e serviços (34%), com o modelo B2B dominando o mercado (45%). Grande parte dessas startups ainda está em fase inicial: 37% em ideação e 35% em validação.
“Esses dados reforçam que o ecossistema brasileiro é promissor, mas ainda precisa de apoio para alcançar a maturidade. E o Sebrae Startups está aqui para impulsionar esse processo, conectando tecnologia, negócios e impacto”, complementa Quick.
Fonte
Agência Sebrae
