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Estudo aponta onde as franquias acertam e ignoram riscos críticos

Pesquisa do Grupo Bittencourt analisou a percepção de mais de 135 franqueadoras

Estudo aponta onde as franquias acertam e ignoram riscos críticos
Redação Publicado em 17 de Novembro de 2025 às, 08h01. Atualizado em 17 de Novembro de 2025 às, 08h01.

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Um estudo realizado pelo Grupo Bittencourt mostra com clareza onde as redes de franquias acertam e onde ainda erram ao ignorar riscos críticos que comprometem a sustentabilidade do negócio. Ao analisar a importância e o nível de complexidade de diferentes dimensões da gestão, o levantamento permite que cada gestor identifique em que estágio sua rede realmente está. A pesquisa ouviu mais de 135 franqueadoras de portes e segmentos variados em todo o País e teve como objetivo mapear a percepção das redes sobre o que é essencial para o crescimento e o que ainda precisa de avanço. 

A pesquisa, intitulada "O Código do Crescimento no Franchising", avaliou um conjunto de dimensões que influenciam diretamente o desempenho das redes: propósito, conceito, potencial de mercado, liderança, cultura, estratégia, dados, processos, governança, estrutura organizacional, tecnologia e desenvolvimento de franqueados. A combinação entre o quanto cada uma é considerada importante e o grau de complexidade para desenvolvê-la originou quatro quadrantes de análise, que organizam os pilares da gestão entre fundamentos consolidados, temas que exigem disciplina, áreas subestimadas e fatores que demandam alto esforço, mas oferecem diferenciação competitiva. 

As conclusões revelam uma fotografia precisa da maturidade atual do franchising brasileiro. Nos fundamentos do negócio, as redes se reconhecem fortes. Propósito, conceito e potencial de mercado aparecem como temas de alta importância e baixa complexidade, sinalizando que esses pilares já deveriam estar consolidados.

“Um conceito forte e um mercado promissor não bastam se a gestão não acompanhar com pragmatismo e capacidade de entrega", afirma Lyana Bittencourt, CEO do Grupo Bittencourt.

O alerta, no entanto, está no risco de transformar esses pilares em discurso, pois um conceito bem formulado e um mercado favorável não bastam quando a gestão não avança com a mesma consistência. O estudo aponta que algumas marcas declaram um propósito que não praticam e sustentam um conceito que não gera valor real na operação. 

Disciplina de gestão

Outro quadrante analisado trata das dimensões que exigem disciplina de gestão. Liderança, cultura, estratégia, dados e processos são reconhecidos como temas de alta importância, mas classificados como de complexidade moderada pelas franqueadoras.

A combinação é sensível, uma que vez são áreas que sustentam a capacidade de uma rede escalar com consistência, e muitas vezes tratadas com uma confiança excessiva. Sem dados estruturados, processos claros e uma liderança realmente engajada, as decisões não se sustentam no longo prazo.

A pesquisa reforça que subestimar a complexidade desses temas cria a sensação de que tudo está sob controle quando, na prática, há lacunas que comprometem a performance. 

Miopia estratégica

O estudo também evidencia uma zona crítica denominada "miopia estratégica". Governança e estrutura organizacional, apesar de essenciais para a perenidade das redes, são percebidas com menor importância. Essa distância entre relevância real e prioridade na gestão cria um dos pontos de maior fragilidade do franchising brasileiro.

Em busca de velocidade, muitas franqueadoras deixam de fortalecer as bases que sustentariam sua expansão. Mecanismos de governança, papéis bem definidos e rotinas claras evitam sobrecarga, ruído e perda de engajamento, mas ainda são negligenciados em boa parte do mercado.

O resultado é um crescimento aparente, porém, sem sustentação. Quando estruturas não são cuidadas desde o início, tornam-se travas ao crescimento e aumentam a vulnerabilidade em cenários de pressão. 

Tecnologia e liderança

A área de alta complexidade e importância moderada concentra dois temas que diferenciam redes maduras das demais: tecnologia e liderança dos franqueados.

A adoção tecnológica segue exigindo investimento, preparo e uma mudança de mentalidade que nem todas as redes estão prontas para conduzir. Ao mesmo tempo, desenvolver franqueados como líderes, e não apenas operadores de unidades, continua sendo uma tarefa sensível.

Integrar avanço tecnológico e desenvolvimento humano é um diferencial competitivo importante, mas difícil de executar. A pesquisa destaca que investir em tecnologia sem preparar pessoas leva ao desperdício de tempo e recursos, enquanto adiar decisões tecnológicas reduz a capacidade de competir em um ambiente de mudança contínua.

Pessoas: o desafio persistente

Entre todos os quadrantes, pessoas surgem como o desafio mais persistente. Liderança e desenvolvimento de times são reconhecidos como vitais, mas permanecem como o ponto mais difícil de transformar em prática.

O estudo reforça que reconhecimento sem investimento e valorização sem escuta criam um descompasso que mina engajamento e confiança. As redes sabem o que precisa ser feito, mas nem sempre conseguem traduzir esse conhecimento em políticas consistentes, rotinas e coerência entre discurso e ação. 

Dessa forma, a liderança surge como o eixo integrador de toda a matriz. É ela que conecta propósito, decisões baseadas em dados, colaboração entre franqueadora e franqueados e construção de uma cultura capaz de sustentar o crescimento.

No estudo, Lyana Bittencourt reforça esse ponto. "O franchising brasileiro, diz a executiva, "já reconhece seus fundamentos, mas ainda precisa balancear discurso e execução, tratar com seriedade a complexidade da gestão estratégica e avançar em tecnologia e liderança como diferenciais competitivos", conclui.

Sofisticação da gestão

O panorama final indica que o franchising brasileiro já domina suas bases, mas precisa avançar na sofisticação da gestão. Fortalecer governança, estruturar times, acelerar a adoção tecnológica e desenvolver líderes preparados não são etapas opcionais e, sim, elementos que determinam se uma rede terá consistência para crescer em ambientes complexos e hiperconectados.

Entre acertos e riscos críticos, o estudo mostra que transformar a complexidade em clareza e coerência pode ser o próximo salto de maturidade para as redes de franquias no País. 

Apresentação do estudo

O estudo foi apresentado em outubro deste ano, durante a realização do BConnected, melhor evento de gestão e expansão de redes de negócios, varejo franchising e indústria da América Latina, promovido e realizado pelo Grupo Bittencourt há 15 anos. O Sua Franquia foi media partner do BConnected 2025.

Imagem: Freepick

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