Como a Cynefin ajuda líderes a lidar com cenários incertos

Para resolver um conflito, é preciso abrir mão de algo. Logo, para ter sucesso no cenário atual e futuro do varejo, é preciso aceitar a complexidade como ponto de partida e, então, propor soluções aos desafios dos negócios. Dave Snowden, fundador da The Cynefin Co., e Alexandre Magno, CEO da operação brasileira, afirmam que é um equívoco das empresas é tentar aplicar modelos lineares a problemas que não se comportam mais de forma previsível.

“O ponto de partida é aceitar que, na maioria das vezes, os contextos que afetam e são afetados por nossas decisões não se comportam de forma linear. Muito do esforço que fazemos para criar propósito, metas e objetivos pode ser não apenas um desperdício, mas algo que distancia as empresas das oportunidades não mapeadas”, afirmam.

O Cynefin Framework, metodologia desenvolvida por Snowden, propõe diferenciar situações claras, complicadas, complexas e caóticas, oferecendo mecanismos para agir de forma apropriada em cada contexto.

Snowden e Magno abrem o BConnected 2025 com a palestra “Descomplicando a complexidade: estratégias para decidir em cenários incertos”. O Sua Franquia é media partner do evento e publica uma série de reportagens com as principais vozes do mercado confirmadas no encontro.

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Crescimento inteligente

Desafiados pelo BConnected a decifrar o tema deste ano – “O código do crescimento: estratégias para expandir em um ambiente complexo e hiperconectado” -, os executivos da Cynefin são diretos: “em cenários voláteis, o erro é insistir em destinos fixos”.

“Na complexidade, o crescimento inteligente não vem de copiar melhores práticas ou fazer benchmarking, mas de ler continuamente o próprio contexto, obter feedback em tempo real e ampliar a capacidade de adaptação”, destacam.

Eles defendem que empresas de alta performance organizam-se para múltiplos futuros possíveis, criando portfólios de opções: testam diferentes abordagens em paralelo, recombinam aprendizados, escalam o que funciona e abandonam rapidamente o que não gera resultado.

No entanto, há decisores que confundem complexidade com complicação e isso tende a levá-los a aplicar estratégias equivocadas. “Um problema complicado, como atender normas trabalhistas, pode ter altíssima dificuldade técnica, mas segue relações previsíveis de causa e efeito. Já a complexidade lida com sistemas vivos, como mercados e culturas, em que cada ação altera o próprio sistema, tornando impossível prever todos os desdobramentos de forma linear”.

Essa distinção ajuda a explicar por que tantas organizações falham ao planejar transformações culturais ou estratégias de crescimento com lógica de metas fixas e destinos finais, quando o desafio, na prática, é fluido e emergente.

Como construir resiliência organizacional

Resiliência, para os CEOs, não é resistir às crises mantendo tudo igual, mas, sim, a capacidade de se recombinar rapidamente. “A verdadeira resiliência de uma organização está na coerência e variedade de respostas disponíveis frente a situações inesperadas”.

Entre as práticas concretas que eles destacam estão:

• Manter redes distribuídas de informação para captar sinais fracos;
• Permitir sondagens em pequena escala sem depender da aprovação central; e
• Cultivar narrativas compartilhadas que deem sentido à complexidade.

Em resumo, a resiliência nasce da diversidade, da experimentação contínua e da capacidade de aprender em tempo hábil.

Uma provocação para os líderes

Por ocuparem a palestra de abertura do BConnected 2025, Snowden e Magno prepararam uma provocação direta aos executivos: “O maior erro que um líder pode cometer hoje é acreditar que sua experiência ou a visão de especialistas são suficientes para decidir em um mundo hiperconectado. Nenhuma perspectiva isolada enxerga o todo”.

Eles defendem que as decisões sejam tomadas a partir de múltiplas vozes, captando sinais fracos e transformando-os em experimentos práticos. “Não tomem decisões com base apenas na narrativa dominante. Liderar na incerteza não é ditar um futuro único, mas preparar o terreno para que múltiplos destinos possíveis possam emergir”.