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A nova geração masculina que redescobre a costura e o bem-estar

Para o autor, a atividade é um caminho de autodescoberta para os homens

A nova geração masculina que redescobre a costura e o bem-estar
Aluízio de Freitas Publicado em 30 de Novembro de 2025 às, 15h00.

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Falar sobre saúde masculina vai muito além dos exames de rotina. Neste Novembro Azul, o debate sobre autocuidado ganha novas dimensões, incluindo o bem-estar emocional e a busca por atividades que aliviam o estresse e estimulam a expressão pessoal.

É nas salas de aula que um novo perfil masculino vem se formando. Na Sigbol, uma das redes de escolas de moda mais tradicionais do País, os homens já representam 6% dos alunos, e a procura triplicou nos últimos anos. Nossos dados internos mostram que metade dos alunos está na faixa dos 19 aos 35 anos, e os cursos mais procurados são Corte e Costura, Modelagem Industrial, Designer de Moda e Visual Merchandising. 

Como diretor da rede, acredito que a costura deixou de ser um território restrito. Hoje, homens de diferentes idades procuram a Sigbol tanto por vocação quanto por bem-estar. É uma atividade que exige foco, paciência e entrega, e isso tem muito a ver com o autocuidado que o Novembro Azul propõe.

Entre esses novos alunos está João, 32 anos, que encontrou na costura uma forma de ressignificar a dor e transformar o luto em arte. Desde cedo, ele via a tia tricotar e se encantava com o movimento das agulhas. Quando a mãe adoeceu, o crochê e o tricô se tornaram uma distração nas longas horas de hospital. Hoje, ele produz peças sob encomenda, de suéteres a tapetes e enxovais de bebê, e é aluno do curso de Malharia da Sigbol, com planos de seguir para Corte e Costura.

A tendência também alcança outros perfis, como o de Antônio Alves de Sousa, 72 anos, taxista e aluno do curso de Corte, Costura e Modelagem. Mesmo fora da faixa etária predominante, ele representa o público que busca na costura uma nova forma de se expressar e manter a mente ativa.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os homens representam 75% dos casos de suicídio no Brasil e ainda são os que menos procuram apoio psicológico ou terapêutico, segundo levantamento da Fiocruz. Por isso, atividades manuais vêm ganhando espaço como ferramentas complementares para aliviar o estresse, melhorar a concentração e fortalecer o equilíbrio emocional.

Na minha concepção, o ato de criar com as mãos devolve ao homem uma dimensão emocional que, por muito tempo, foi reprimida. Isso tem tudo a ver com o que o Novembro Azul propõe: falar sobre cuidado, prevenção e também sobre sentir.

Com histórias diferentes, João e Antônio representam gerações distintas de um mesmo movimento: o dos homens que estão reaprendendo a cuidar de si, seja pela arte, pelo ofício ou simplesmente pelo prazer de criar. 

Aluizio de Freitas* é diretor da Sigbol

*O artigo publicado não reflete, necessariamente, a visão o Portal Sua Franquia, sendo, as opiniões expressas, de responsabilidade do autor
Imagem: Canva

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